Na sua recusa do romantismo historicista, Eça procurou reforçar o real e o presente, princípio de onde não estava ausente uma certa postura de denúncia das sombras que pairavam sobre uma sociedade provinciana e decadente saturada de hipocrisia. Não foi inocentemente que Eça cruzou as vidas de um padre sem vocação e de uma jovem devota educada na veneração da batina.
O autor, que teve oportunidade de incubar longamente esta trama, equacionou vários desfechos. Nesta versão que é a última, a definitiva, a criança nascida dos amores de Amaro e Amélia já não morre às mãos de um pai infanticida; agora veremos um Amaro cheio de boas intenções entregar a criança a uma ama sobre quem pesavam sórdidos e talvez fundados rumores. Há miséria e sofrimento, e há vítimas inocentes, mas o remorso dos que ficam, a ter existido alguma vez, resume-se a uma branda e cómoda melancolia que o tempo tratará de diluir mais ainda. Entretanto, Amaro, na sua indolência sentimental, trata de se aproximar da capital.
Desta vez pela editora civilização sai a Fevereiro de 2015
Classificação no GoodReads = 4.00
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