quarta-feira, 6 de abril de 2016

[Opinião - Séries] 'American Crime Story - The People vs. O. J. Simpson (1ª Temporada)


Chegou ao fim a 1ª temporada da série American Crime Story que voltou a prender milhões de pessoas ao caso de O. J. Simpson. O veredicto já deve ser conhecido por todos nós, concordando com ele ou não, mas se algo me levou a ver esta série foi conhecer tudo que se passou para chegar ao veredicto e sobretudo o elenco escolhido para representar este pedaço da história do crime na cultura americana.
Começando pela história, este julgamento teve inicio a 9 de Novembro de 1994, terminando quase um ano depois, a 3 de Outubro de 1995. Tendo eu nascido em 1993, obviamente não acompanhei esta onda de mediatismo que acompanhou este caso, provavelmente o mais mediático de sempre nos EUA.


No desenrolar da série, acho que os criadores da mesma conseguiram ser bastante imparciais, demonstrando ambos os lados, quer da acusação, quer da defesa, sem se preocuparem em chocar mentalidades. Claro que até aos dias de hoje a opinião pública continua dividida. Na minha opinião, baseando-me apenas pelo que vi na série, não teria dificuldades em considerar que provavelmente O. J. Simpson seria culpado neste caso, mas beneficiou de uma defesa brilhante que soube jogar com o background social da época, sobretudo a perseguição policial aos afro-americanos e a tensão social daí resultante e ainda de alguns deslizes da defesa que permaneceu integra, não conseguindo acompanhar o jogo criado pela acusação. Uma série passada há mais de 20 anos mas que podia ter decorrido nos dias de hoje.

Sendo a história já conhecida, se há um aspecto que prende os telespectadores a esta série são as representações brilhantes de um cast muito bem escolhido. Nos primeiros episódios, achei que houve uma inclusão do clã Kardashian excessiva e desnecessária. Sim, Kris como amiga de Nicole e ex-mulher de Robert Kardashian, grande amigo de O. J., tinha que ser retratada, mas juntarem os filhos à equação foi o golpe para capturar outro tipo de espectadores que para mim teve o resultado oposto.

Sem dúvida será uma série que será reconhecida nos próximos Emmy's, os prémios televisivos, sobretudo no que diz respeito aos actores principais e secundários, mas vamos por partes. 

Sarah Paulson foi brilhante na sua representação de Marcia Clark, representando toda a discriminação que esta personagem feminina sofreu apenas por ser uma mulher num mundo de homens, a força necessária para se elevar a todo esse burburinho no background e manter-se fiel a ela própria durante todo o julgamento. Já estava à espera de uma excelente actuação, mas Sarah Paulson superou as expectativas e muito provavelmente terá uma nomeação na categoria de melhor actriz.

Sterling K. Brown, como Christopher Darden,  foi para mim a descoberta e a surpresa desta série. Desconhecia o trabalho do actor e fiquei bastante surpreendia com a sua representação, principalmente com o aproximar do fim da série, e não ficaria admirada se também ele recebe-se uma nomeação, merecida, na categoria de melhor actor.

Ainda nos principais papéis não posso deixar de mencionar Courtney B. Vance no papel de Johnnie Cochran. Mais uma interpretação (e caracterização) excelente que irá certamente valer-lhe, pelo menos, uma nomeação como melhor actor.

Falando agora em papéis mais secundários não posso deixar de referir Cuba Gooding Jr., David Schwimmer e John Travolta pelos mais diversos motivos.

Começando por Cuba Gooding Jr., apesar de ter a responsabilidade de representar a figura chave desta série, O. J. Simpson, não posso deixar de o considerar como uma personagem secundária na sua própria história, quer pelo destaque que lhe foi dado nas cenas ou mesmo comparando a sua representação com a dos actores que referi acima. Ainda assim, não ficaria admirada se recebesse uma nomeação como melhor actor secundário.

Admiradora de David Schwimmer desde a altura de Friends, a sua representação neste registo totalmente diferente do que esperava dele surpreendeu-me bastante. A sua representação de Robert Kardashian foi fantástica, fazendo o que por vezes é mais dificil, capturar a simplicidade e os pequenos traços de alguém. Sai uma nomeação para melhor actor secundário!

E terminando num registo negativo, tenho que falar de John Travolta que, para mim, acabou por ser o elo mais fraco desta Dream Team. Fiquei surpreendida no primeiro episódio com a sua prestação, mas parece que com o decorrer dos episódios acabou por se esquecer de alguma caracterização da sua personagem (por exemplo o sotaque) e acabou por ser ofuscado pelas restantes representações.

No geral é uma série excelente, com representações igualmente excelentes. Considero que foi muito bem elaborada do principio ao fim, embora os primeiros episódios não sejam tão fortes como os restantes, É uma série que vai crescendo com o decorrer da história. O final foi muito bem conseguido e apreciei, sobretudo, os momentos finais em que ficamos a par do que aconteceu a cada um dos intervenientes neste caso.

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